Velhas carências
Tribuna | 19 de novembro de 2012 | Foto: Marco Lima
Os comerciantes do litoral do Paraná estão animados com a proximidade da temporada de verão. Após o movimento no feriado de 7 de Setembro, considerado um termômetro de como será o período, a expectativa é superar o ano passado. Porém, apesar de boas previsões para os negócios, os veranistas não irão encontrar grandes novidades na estrutura dos municípios, que se preparam com a realização de reparos e obras de pequeno porte.
Empresários e moradores da região entrevistados pelo Paraná Onlinelamentam o baixo investimento na estrutura das cidades, que durante os três meses de temporada chegam a aumentar em quase 20 vezes sua população. Para eles, esta situação deixa a desejar, especialmente nas questões de saneamento básico, sistema viário, segurança, saúde e incentivo ao turismo. “Ainda precisamos de mais infraestrutura, incentivos aos empresários e estruturação dos atrativos turísticos”, avalia o presidente da Agência de Desenvolvimento do Turismo Sustentável do Litoral do Paraná (Adetur), Gustavo Trevizan Socachewsky.
O prefeito de Pontal do Paraná, Rudisney Gimenes, afirma que precisa de mais apoio do governo estadual para garantir infraestrutura aos veranistas. “Nosso recurso é para uma população de 17 mil pessoas, mas chegamos a receber 300 mil na temporada”, diz. O município se prepara com a instalação de mais chuveiros nas praias e melhorias nas ruas, mas Gimenes reconhece que ainda é preciso mais para a saúde e a segurança. O município conta com hospital 24 horas e negocia com o Estado o funcionamento de outra unidade no balneário Shangri-lá, que já está com a estrutura pronta.
Big Brother
Pontal do Paraná instalou dez câmeras de monitoramento em pontos estratégicos dos balneários. O sistema, porém, pode não ser utilizado nesta temporada. “A proposta é utilizar as câmeras em parceria com a Polícia Militar (PM). Já enviamos um ofício disponibilizando o sistema”, afirma o prefeito Rudisney Gimenes. A corporação informou que não recebeu nenhum ofício neste sentido. Caso o sistema de monitoramento não seja utilizado pela PM será necessário montar uma equipe da prefeitura, o que o próprio prefeito reconhece ser “difícil no final da gestão”.
Misto de confiança e insatisfação
Esta será a primeira temporada em que Alan Inácio da Silva, 29, irá investir no comércio durante o verão. Ele montou uma lanchonete na Avenida Beira Mar, em Praia de Leste, e está confiante na procura dos clientes. “A temporada é o único momento para crescer. Fora deste período fica difícil”, diz. Sua parceira no negócio, Neusa Gil Contini, 61, tem casa no município há mais de 20 anos e reclama da falta de investimento. “Temos praias maravilhosas, mas sem estrutura. O que mais pesa aqui é a falta de segurança e muitos estão trocando o Paraná pelo litoral de Santa Catarina”, lamenta.
Em Guaratuba, o atendente Marcos Pio, 26, tem uma lista de reclamações a fazer, e que se ajustam aos demais municípios. “A cidade fica afogada, o trânsito fica caótico, as ruas ficam alagadas e estão mal pavimentadas”, pontua. Ele também reclama da travessia entre Guaratuba e Caiobá, que ainda está sem solução. A vendedora Carolina Mari Scremin da Silva, 21, complementa: “Precisamos de recursos não só na temporada, mas durante o ano inteiro. Fora da temporada a cidade morre”.
Há 17 anos no comércio de Matinhos, Antônio Carlos dos Santos, 54, sabe, por experiência, que a temporada será boa. Além dos resultados do feriado de setembro, ele também se baseia no calendário para fazer sua previsão. “Esta temporada será mais curta. Quando o carnaval fica muito distante, sempre dá uma esfriada”, explica. Em 2013 a folia irá terminar no dia 13 de fevereiro.
