Bons modos, por favor!
Tribuna | 22 de janeiro de 2014 | Foto: Tribuna
Falta de noção é o que não falta no ônibus (independente do destino). Minha amiga Joyce Carvalho que o diga, pois ela já passou por diversas situações que podemos chamar, sem dúvida nenhuma, de bizarras, especialmente nas viagens interestaduais. Algumas ela conta na coluna de hoje e quem sabe um dia ela não cria um manual de bons modos no busão?!
“Não tenho o menor problema de viajar de ônibus. Basicamente, uso o ônibus com o objetivo de ir para a casa da minha avó, em outro estado. Na cidade dela não tem aeroporto. Então não compensa ir de avião até a capital para depois alugar um carro. Entre sair de casa, ir para o aeroporto, esperar na sala de embarque, o tempo do voo propriamente dito, pegar a mala, alugar o carro e ainda viajar uma hora para chegar ao destino, o tempo é o mesmo se eu for de ônibus direto de Curitiba. Além de ser mais barato.
Só que tem um porém: conforme os anos passam, fico cada vez mais “encafifada” com coisas que eu vejo na rodoviária ou com o comportamento dos passageiros dentro do ônibus. Muita gente acha que está em um ambiente individual e esquece que está em um coletivo. Cheguei ao ponto que pensei em produzir e lançar um manual de bom comportamento em viagens rodoviárias.
A ideia veio depois que, na última viagem que fiz, no fim do ano, eu tive que ouvir funk ostentação por duas horas, dentro do ônibus. Eram dois passageiros, que não estavam sentados juntos, e queriam ficar conversando e ouvindo música no celular. Mas pra que fone de ouvido? Desculpa, mas tem fones baratinhos para vender por aí. Concluí que a graça deve ser incomodar os outros. Olhei para trás e fiz cara feia, como outros passageiros fizeram. E os meninos nem aí. Uma hora parou. Quando comecei a adormecer, veio aquele funk ostentação de novo. Será que eu mereço?
Depois da parada e tendo mais três horas para seguir viagem, achei que seria um sofrimento. Mas acho que os dois dormiram. E o resto dos passageiros pôde fazer o mesmo. E se fosse o contrário? Se eu colocasse outro ritmo musical – que eles não gostassem – para ouvir alto dentro do ônibus? Reclamariam ou achariam engraçado?
A história com celular não acaba por aí. Eu vou andar com uma placa pendurada no pescoço com os seguintes dizeres: “Eu não preciso saber de toda a sua vida!”. Você usar o aparelho celular para fazer uma ligação e avisar alguém que está saindo, tudo bem. Eu também faço isto, mas em um tom baixo. Só que a situação é completamente diferente quando uma mulher, sentada ao seu lado, vai falando no celular da rodoviária até a divisa com São Paulo, quando não dá mais para pegar o sinal.
Começou assim: “Estou retornando a sua ligação”. Por que não retornou antes ou depois? Fiquei sabendo que a filha dela não tinha ido viajar, que a filha tinha arranjado emprego novo, que a mulher se hospedaria na casa de uma amiga, que ela tinha que voltar tal dia porque tinha compromissos… Sério.
Por fim, no retorno para Curitiba depois de uns dias de folga no Ano Novo, entro no ônibus e sinto um cheiro diferente. Quando identifiquei, não acreditei. Um passageiro teve a ideia feliz de levar camarão para casa, em uma viagem de seis horas, dentro de um ônibus lotado. Sim, a pessoa teve esta ideia. Por sorte minha, estava tão cansada que eu apaguei e acabei esquecendo do cheiro. Mas não dá para acreditar.
Tive mais uma prova de fogo nesta última viagem e a ideia de fazer o manual ainda está de pé. Tem tanta coisa… E aquela pessoa que “rouba” espaço da sua parte da poltrona? E a que ronca? E a que não coloca a mala direito do bagageiro e depois a mala cai na sua cabeça em uma curva? Se todo mundo tiver um pouquinho de noção e, acima de tudo, respeito com os outros passageiros, a viagem para ser legal para todo mundo! Fica a dica.”
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