Senhorinha inconveniente
Tribuna | 23 de abril de 2014 | Foto: Brunno Covello/SMCS
Pessoas inconvenientes são inconvenientes em todos os lugares, inclusive no busão. No caso esta pessoa foi a senhorinha que estava no mesmo ônibus que eu pego com frequência para ir ao trabalho. Pra começar ela falava muito alto, mas até aí tudo bem, ônibus barulhento, bastante gente e eu ainda achava que ela era meio surda…
Mas para minha opinião ela passou de surda para sem educação a partir do momento que começou a provocar o cobrador, muito simpático, por sinal. Estava sentada atrás dela, então acompanhei todo o desenrolar do acontecido:
Quase aos berros ela contava para a outra senhora que estava ao seu lado que queria mudar da vila onde morava. Uma das razões era o fato dela ser vizinha de traficantes de drogas. Realmente uma situação complicada. Mas do nada ela começou a apontar para o cobrador dizendo que os primos dele eram os traficantes da vila e citava nomes, dizendo inclusive que o rapaz também usava drogas. “A Fulana vende drogas, o Ciclano também. Vai lá “comer” drogas também”, gritava para o cobrador, que não deu atenção.
“Meus filhos são trabalhadores, não vendem drogas”, continuou gritando e se gabando do que os filhos faziam e provocando o cara que, assim como os filhos dela, também estava trabalhando.
Corrente de passagens
A leitora Vanessa de Andrade, que sempre manda colaborações para a coluna, está enviando também histórias vividas por suas amigas. A de hoje é da Ana Kroetz, que é mais uma prova viva de que (apesar de pessoas inconvenientes) existe cordialidade e simpatia no busão!!
“Peguei o ônibus, só tinha notas de R$ 20 e a cobradora não tinha troco. Sobe gente, sobe gente, pagando só no cartão e ninguém trocava meus R$ 20, e eu nervosa por não querer deixar a cobradora no prejuízo… Até que uma moça levantou lá de trás e se ofereceu para passar seu cartão e pagar minha passagem. Perguntei como poderia agradecer e ela disse: “Já fizeram por mim, faça por alguém também”.
Compromisso assumido e cumprido dois dias depois: estava no ponto e chegou uma mocinha com uma panela grande dentro de uma sacola plástica de loja. Ela remexeu a bolsa e contava moedas, até que perguntou se eu emprestaria R$ 0,90 que lhe faltavam. Contei a história e repassei o compromisso de ajudar alguém na mesma situação.
Conversa vai e vem, a mocinha era chef de cozinha de um hotel e estando de férias, aproveitou para ganhar uns extras cozinhando para uma festa e lhe faltando a tal panela, gastou tudo o que tinha. A moça fez a festa, eu cumpri o compromisso e ainda adorei o papo!!”
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