Carroças na lama

Tribuna Regional – Portão | outubro de 2014 | Foto: Felipe Rosa

Aos 83 anos de idade, o aposentado Lourival Gabardo acompanhou de perto as transformações dos bairros da Regional Portão. Ele mora no Água Verde há mais de 30 anos e percorre a área desde os 15, quando trabalhava no armazém de seu tio. Além disso, foi morador do Portão, onde comandou uma padaria e uma mercearia entre os anos 1970 até o final dos anos 1990.

“Há muito tempo a avenida que hoje é a Kennedy foi chamada de Avenida Guaíra. Era barro puro e o maior trânsito era de carroças. A República Argentina era de macadame e o bonde seguia até onde é o Shopping Total. Ali também passava o trem, onde tem restos de trilho ainda. Até onde eu sei o nome do bairro é Portão porque tinha um portão que era fechado no momento que o trem passava, para evitar acidentes”, conta.

Gabardo diz ainda que onde hoje está a igreja do Capão Raso era uma cerealista, nos anos 1940. “Ia até lá buscar cereais a cavalo. Por ali também funcionavam bastante ferrarias, para colocar as ferraduras nos animais e consertar as rodas das carroças que soltavam quando passavam pelos buracos. As casas eram todas de madeira e as de alvenaria, que chamavam de casas ‘de material’, eram raras. No quintal todo mundo tinha seu porco, sua galinha e plantava algumas coisas”, lembra. De acordo com ele, o asfalto chegou a mais ruas nos anos 70 e o aumento no comércio anos depois. Quando se mudou para casa onde ainda mora, ele e a família acompanharam também a construção do Shopping Água Verde.