A primeira vez a gente nunca esquece
Tribuna | 06 de maio de 2015 | Foto: Brunno Covello/SMCS
Ainda mais se for aos 78 anos!! E assim a senhorinha que não aparenta a idade virou a sensação da viagem de biarticulado semana passada. Era a primeira vez na vida que ela andava de busão e a família dela não deixou por menos – mesmo que de longe.
Simpática, a senhorinha já foi puxando papo com uma mãe e uma filha que estavam sentadas ali perto. “É a primeira vez que eu ando de ônibus. Eu dirigi 56 anos da minha vida, menina! E eu trabalho até hoje”, disse ela que também confessou que uma de suas motivações para a aventura foi a crise econômica:
– A gente leva filho pra todo lado a vida inteira, e agora, quando precisa, não consegue. Mas eu também não fiquei pedindo não. Meu filho queria que eu pegasse um táxi, mas resolvi vir de ônibus mesmo. Não estamos em crise? Por que vou gastar indo de táxi se eu posso não pagar nada?
Durante toda a conversa ela não desgrudava do celular. Além do papo no busão, a senhorinha também estava conversando com toda sua família – filhos, noras e netos – pelo Whatsapp:
– Imagine isso, trabalhei minha vida inteira, trabalho até hoje e agora me tratam como uma imbecil. Tá uma fofocação nesse celular porque estou andando de ônibus. Minha nora ficou com pena de mim, porque ela não sabe andar de ônibus. Minha filha falou pra eu ter cuidado com a bolsa e minha neta, que tá lá na Itália, ficou espantada, perguntou como me deixaram fazer isso, disse pra eu não usar o celular e ter cuidado ao atravessar a rua. Eu posso com isso?
Tudo original
Em sua primeira colaboração, o leitor José Augusto mostra que nem sempre o povo sabe sobre o que está falando, nem o que está vendo… Prova disso é o que ele ouviu enquanto andava no biarticulado Boqueirão, pela Avenida Marechal Floriano:
“Quando o ônibus estava passando pelo viaduto sobre a Linha Verde ouvi duas pessoas, aparentemente do interior, conversando assim que viram a cópia da Estátua da Liberdade que fica em frente a Loja Havan:
– Olha lá que legal (a estátua)! Queria ir lá pra ver de perto!
Respondeu a outra amiga, mais vivida nas coisas curitibanas, respondeu então:
– Ah, pra quê? A gente vai a Guaratuba e lá podemos ver a mesma estátua do Cristo Redentor. Tem uma igualzinha lá…”
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